No mês de outubro de 2012, o Estado de Santa Catarina foi palco de uma espiral ascendente de violência atribuída a uma facção criminosa. Conforme levantamento divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, agentes de referida facção teriam ordenado mais de 50 ataques contra ônibus e forças de segurança em 16 cidades numa única semana. Esses atentados causaram grande "espanto" à população e até mesmo às agências que cuidam dos setores prisionais e de segurança pública (polícias, por exemplo), sobretudo, porque antes dessas manifestações, o Sistema Prisional aparentava "em perfeita ordem". Com o início dessas práticas orquestradas simultaneamente em vários locais do Estado, a impressão que se teve é a de que esses atos de violência surgiram "do nada". Após investigações, verificou-se que, dentre os motivos que desencadearam esses atentados, figuraram-se práticas de tortura de agentes prisionais contra detentos em um presídio do interior do Estado. Eis o foco de reflexão apresentado na presente obra: a relação de interdependência entre Violência Objetiva (como causa) e Violência Subjetiva (como sintoma) é essencial para que se possibilite uma razoável compreensão dessas explosões de violência oriundas do carcerário. É que, perante expressões de violência oriunda das prisões, culpamos a violência em si: é o sujeito violento ou então, determinados grupos que, no plano específico, levantam-se contra tão nobre instrumento de contenção da violência: a prisão. Mas, o que ocorreria se assumíssemos o risco de inverter essa relação? O que passaria caso descobríssemos que aquilo que se vende como instrumento moderador da violência no plano social (a prisão) é um dos fatores que mais a estimula? Ao invés de renunciar toda e qualquer forma de violência, talvez essa visão em paralaxe nos obrigasse a renunciar as suas causas, tomando o cárcere pelo que ele é e, ainda, por aquilo que ele produz.