Cadeira de balanço: Este livro tem cheiro de muitos temperos e de pamonha feita em casa. Daquela casa da Ilha de São Luís do Maranhão, onde Maria nasceu e foi o palco de sua infância e adolescência. Um a um, entram em cena os personagens principais: Diquinha, Monteiro e os quatorze filhos que souberam moldar, com disciplina e liberdade, à sua imagem e semelhança. Cadeira de balanço é um título que tudo revela: o móvel predileto de Diquinha, colocado numa posição onde a mãe controla e acalenta cada detalhe da educação dos filhos, do trabalho das empregadas domésticas, da valorização do marido que tanto ama, dos vazios das despedidas, mantendo o ritmo tranquilo e firme de setenta anos de vida em comum. Maria de Jesus Monteiro inaugura-se no romance com uma narrativa de rara perfeição estética, onde cada capítulo tem vida própria, podendo ser lido como um conto, como um poema de amor, um daqueles escritos por seu pai: Perguntas por que meus olhos / tanto olham para os teus. / Será que não vês teus olhos / olhando dentro dos meus? Neste livro, parece que a autora está sempre olhando para os olhos da gente. Atenta para que o leitor tudo sinta, tudo entenda, em cada frase ofertada com emoção. E nós entendemos, sim, Maria. E te agradecemos por partilhares conosco as mais lindas recordações, o broche de ametista e todos os teus tesouros. Alcy Cheuiche, Porto Alegre - Primavera de 2016.