Uma vez no poder, os militares e seus aliados civis, entre eles a imensa maioria do empresariado e das lideranças patronais, precisaram enfrentar e tentar “resolver” a questão sindical e trabalhista. A repressão e violência foi a resposta mais imediata, mas a “operação limpeza”, que procurava varrer do movimento sindical a influência comunista, socialista e nacionalista de esquerda em geral, não era suficiente. Era preciso conquistar os corações e mentes da classe trabalhadora. Tarefa difícil e complicada para um governo que temia a organização popular, considerava como excessos demagógicos grande parte dos direitos sociais e que tinha na contenção salarial e no combate à estabilidade no emprego dois pilares fundamentais de sua política econômica. Além disso, divergentes e conflitantes visões de como lidar com os trabalhadores e suas organizações conviviam no interior do novo regime. O estudo de Heliene detalha de maneira inédita as políticas, desafios e embates da ditadura, em seus primeiros anos, em relação ao sindicalismo e aos mundos do trabalho de uma forma mais geral. (Paulo Fontes)