Ao passo dos anos 1960, junto com Glauber Rocha, Caetano Veloso, José Celso Martinez Corrêa, Gilberto Gil, Rogério Duarte e outros da mesma estirpe, Torquato Neto foi um dos principais personagens da revolução que mudou os rumos da cultura brasileira. Assim, consistiu-se em um herói romântico típico, fadado a morrer ainda jovem, como James Dean, Jimi Hendrix, Janis Joplin ou Jim Morrison. Era um poeta sensível e inconformado, um polemista inteligente e corajoso e uma das figuras mais carismáticas de sua geração. Do signo de Escorpião, havia algo de noturno, complexo, aparentemente insondável em sua personalidade. Com acuidade e perspicácia, Toninho Vaz sondou essa personalidade fascinante no contexto histórico e cultural em que ela se desenvolveu. Seu livro nos oferece não só um retrato de corpo inteiro desse excepcional artista quando jovem, mas também uma visão justa do espírito libertário que animou toda a sua geração. A experiência de Torquato é típica, exemplar e, portanto, esclarecedora. Em consequência, esta é uma obra fundamental para o estudo dessa ascendência de artistas brasileiros, na segunda metade do século XX. Pra mim chega vem se juntar a os últimos dias de paupéria, do próprio Torquato, Verdade tropical, de Caetano, e Tropicaos, de Rogério Duarte, como um dos documentos essenciais para compreensão do que aconteceu com os categóricos em transe na sua juventude. Luiz Carlos Maciel (1938 2017)